Já lá vão uns bons meses quando surgiu pela primeira vez no ecrã do meu PC este título de filme - "Premium Rush". Juntamente, eu via o respetivo trailer, bem apetitoso, que apresentava um filme de ação envolvendo um grupo de estafetas de encomendas na grande Nova Iorque, que utilizavam a bicicleta como meio transporte. Mas, não eram bicicletas quais queres, eram Fixies ou Fixed Gear Bike. Entre perseguições, saltos e derrapagens no limite o filme prometia muita emoção...
Entretanto, o tempo passou e eu já nem me lembrava dele.
Há uns dias atrás, andava eu a vaguear pelo facebook, quando surge de novo este nome "Premium Rush". De um momento para o outro a estreia do filme torna-se bem real. "É pá! O filme está a chegar." - pensava eu. Que bom, um filme de bicicletas. Mas, interessante mesmo foi o desafio que propunham. No dia da estreia do filme, um passeio de bicicletas pela cidade de Faro. Que por sua vez dava direito a um desconto no preço do bilhete, a uma bebida num bar muita fixe e a participação num concurso em que posso ganhar uma bicicleta BH Gira, bem gira por sinal.
Com toda esta motivação e apesar de viver a cerca de 25km de Faro, decidi que a ida até à cidade tinha que ser de comboio.
No dia da ação, 5 de Outubro, uma bonita sexta-feira cheia de Sol e temperatura bem agradável, agarrei na minha bicicleta e parti em direção da estação de comboios. Quando cheguei, encontrei um espaço desocupado, deserto e cheio de grafitti's. Ali estava eu à espera de um comboio numa estação abandonada... que estranha a sensação de vazio, onde uns anos antes circulava tanta gente e agora nada... ninguém.
Entretanto, chegou uma amiga minha na sua bonita bicicleta, que também queria participar no evento. Agora, éramos dois a contemplar este lugar desabitado e estranhamente silencioso...
A sensação de vazio tornou-se ainda maior quando olhei para o antigo relógio e mostrava que já passava da hora. “Então! Por onde andava o raio do comboio?” - disse eu. Os minutos continuaram a passar e o tal comboio não dava sinal de vida. Depois de alguns telefonemas a tentar ligar para a CP, a minha amiga lembrou-se de algo... Parece que nesse dia, feriado a uma sexta-feira, a CP fazia greve. Que dia mais esquisito para realizar uma greve...
Bom, pedalamos até à minha casa, metemos as bicicletas no meu carro e seguimos para Faro.
Ao chegarmos à cidade eu decidi fazer uma coisa que sempre achei ser uma boa ideia. Assim, à entrada de Faro fui para o estacionamento do centro comercial. Lá dentro, eu posso deixar o carrinho à sombra e não pago nada por isso. E depois é só tirar a bicicleta e pedalar pela cidade. Desta vez, ainda tivemos um tempinho para um café e imaginar como iria ser o passeio. Depois lá tiramos as bicicletas e fomos até ao ponto de encontro.
Num grande e verde relvado, ao lado de um simpático bar, aonde alguns curiosos olhavam com espanto para algumas bicicletas que ali já estavam e um enorme cartaz alusivo ao filme. Num ritmo sem stress, nem pressas, começaram a surgir pessoas com as suas “biclas”. O mais interessante e curioso que eu achei, foi a variedade de tipos e formas de bicicletas e pessoas. Uns estavam vestidos com os equipamentos de licra e as respetivas máquinas de corrida, de estrada ou de montanha. Outros estavam com a roupa do dia a dia, o mais informal e descontraído possível. E ainda, estava malta jovem com as suas bmx ou fixies, numa simbiose de adereços interessantes, desde das tatuagens, até aos piercings, passando pelas roupas e bonés. E nesta “massa humana” tão heterogênea todos conviviam de forma harmoniosa. É o poder da bicicleta!
De repente todos começaram a mexer e a pedalar. O passeio tinha começado! Sem polícias ou guardas e sirenes na frente, nem guias identificados como tal, a verdade é que todos seguiam... a quem eu não sei... bem, acho que todos nós seguíamos todos.
Como por magia lá íamos para o mesmo lado, pelas mesmas ruas, numa direção só. Sem saber para aonde ia e duvido que quem estava ao meu lado soubesse. Mas, mesmo assim todos tínhamos um lindo sorriso nas nossas diferentes cabeças. Todos expressavam uma felicidade contagiante.
As ruas iam passando, mas ninguém dava pela distância já percorrida. Só mesmo o Sol denunciava que o tempo tinha passado, oferecendo-nos um soberbo entardecer, numa misturas de tons laranjas, amarelos e azuis “arroxeados”.
No regresso ao ponto de partida, poucos foram aqueles que foram logo embora. A boa disposição geral continuou em alta. Na relva, lá estavam as muitas bicicletas, umas deitadas no chão, outras de pé com a ajuda dos respetivos descansos, e ainda umas quantas formavam um monte, uma pirâmide delas. O por do sol convidava a estar por ali, de copo na mão, convivendo, falando, vivendo... Tudo graças a um filme e umas quantas bicicletas.
Mais alguns momentos fotográficos
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