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26.10.09

5 DIAS PELA ECOVIA - prólogo

O desafio deste final de ano lectivo teve como base uma travessia do Algarve. Com início em Vila Real de Santo António e final no majestoso cabo de S. Vicente. Para cumprir tal objectivo seguimos a ECOVIA DO LITORAL, numa extensão de 214Km, atravessando 12 concelhos. O desenvolvimento deste projecto resulta de uma parceria entre a Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve e o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade – Parque Natural da Ria Formosa.
Assim, numa parceria com a AMAL, as câmaras municipais de Vila Real de Santo António, Olhão, Loulé, Lagoa e Lagos e a minha escola, foram conseguidas as condições para levar a cabo esta bela aventura.
No final de tarde do Domingo de 28 de Junho todos compareceram como combinado no portão da escola. Depois de uns últimos esclarecimentos de algumas dúvidas deu-se início à viagem de ligação ao ponto de partida.
Ainda com o Sol a brilhar chegamos ao Complexo Desportivo de Vila Real de Santo António. Aí foi-nos dado a conhecer o nosso primeiro local de pernoita. Todos ficaram de boca aberta com tamanha qualidade do espaço. O pensamento era comum: “Isto promete!” E para que não restassem dúvidas da hospitalidade da autarquia, fomos brindados com um belo jantar.
No final do repasto fizemos uma pequena visita pela vila, onde conhecemos alguns pontos importantes.

5 DIAS PELA ECOVIA - parte I

Bem cedo já havia pessoal irrequieto. Muitos nem dormiram como deve ser. No fundo, agora é que ia ser. O pessoal estava de tal modo excitado que num ápice arrumaram todas as coisas.
Com o grupo já todo organizado no exterior, tiramos uma rápida foto da porta do nosso 1º “hotel”. De seguida, seguimos até ao marco da ecovia, o ponto “oficial” de partida.
O ponto de partida fica mesmo ao lado do edifício da alfândega. Em tempos não muito longínquos este espaço estava sempre cheio de pessoal. Era uma corrida às compras em pesetas. Hoje em dia os barcos ainda atravessam o rio, mas sem o corre-corre de outros tempos.
Com a ordem de partida dada, todo o grupo pedala deslumbrado pela bela avenida à beira Guadiana. Num ápice, já estávamos em Montegordo. Nesta vila à beira mar, cheia de aromas doces dos protectores solares, realizamos a nossa 1ª paragem. O objectivo foi a compra de alimentos e líquidos, “atacando” um supermercado.
Numa enorme rotunda viramos na direcção de Atura. Ao atravessar a localidade o grupo já estava a entrar na fase de “bocejo”, quando se dá o insólito. A mando do GPS demos uma viragem à esquerda e com ela veio um surpreendente singletrack. Este serpenteava com deliciosas curvas, ao mesmo tempo que ondulava levemente, proporcionando um bom “acordar” com saltinhos à mistura.
Quando todos já estavam com enormes sorrisos, o delicioso “single” transforma-se numa moderna ciclovia, bem sinalizada. Apesar desta mudança, os miúdos não se deixaram ir abaixo e aproveitaram para rolar com velocidade. Possivelmente, devido a esta, pouco depois estávamos em Cabanas de Tavira.
A passagem por esta vila deve ser feita lentamente. Pois, todo o ambiente típico, mesmo à beira da Ria Formosa obrigou a todos a apreciar os imensos pormenores característicos de Cabanas.
Para ajudar a toda esta boa “energia” que o grupo vivia, fomos brindados com a presença da ria.
Aqui o trajecto é de facto deslumbrante. Passamos mesmo ao lado de salinas, montanhas de sal, que surpreenderam os mais novos. Estes não acreditavam que aqueles enormes montes brancos pudessem ser sal.

Depois da passagem pela bela cidade de Tavira, a ECOVIA continua na sua convivência com a Ria Formosa.
Numa tentativa de motivar todo o grupo indico no horizonte um pequeno conjunto de casario junto a umas árvores, mesmo à beira ria e digo-lhes: “Meus amigos, eis a Fuzeta!”.
Bom, o efeito foi tal, que quando olhei, depois de ter tirado umas fotos, já não estava ninguém ao pé de mim.
Chegados à Fuzeta, fomos muito bem recebidos na escola EB2,3 Dr. João Lúcio, numa agradável acção da Câmara Municipal de Olhão.

5 DIAS PELA ECOVIA - parte II

A alvorada foi bem cedo, pois o dia prometia ser bem quente. Além disso, esta etapa iria ser a mais longa (cerca 55km) de todos os 5 dias. Tendo em conta que parte da ECOVIA entre Olhão e Faro ainda não está acabada, só nos restava duas alternativas. Uma seria seguir pela E.N.125, que logo pusemos de parte. A outra, seria fazer uma variante pelo interior, passando por Quelfes. Para ajudar neste percurso alternativo podemos contar com a ajuda de um amigo, o Paulo Quitério.Assim, ainda com o sol baixo e alguma frescura no ar, fomos todos tomar o pequeno-almoço a um café, mesmo em frente à nossa 2ª pousada.
As primeiras pedaladas revelaram-se um pouco lentas, é que o pessoal ainda estava meio a dormitar. Com a chegada do trilho à beira ria, bem aromatizado com a maresia, o ritmo foi aumentando.
Só que esta paisagem não iria durar muito tempo. Ainda, antes de Olhão tivemos que virar para norte, na direcção de Quelfes. Com esta variante veio também um sobe e desce que não tínhamos ainda visto na ECOVIA.

A variante não teve grande história. Depois de alguns estradões, que subiam e desciam, vieram as estradas municipais, planas e rectas, mas com algum trânsito.
Por isso, a chegada a Faro foi de alívio. É que, a partir daqui voltaríamos a pisar os trilhos da ECOVIA. Na passagem por Faro foi só seguir a linha azul. Esta levou-nos pelas ruas mais à beira ria até à parte mais histórica, passando bem pelo seu núcleo histórico. Mas para mim ficou na memória a imagem da longa coluna de jovens a passar pela zona da doca. Lindo.
Perto da estação de comboios voltamos à nossa ria, quase tocando na água. As panorâmicas são de tal modo bonitas, que serviram de pretexto para as mais diversas paragens. Desde, da simples fotografia até à barra energética.
Só que, mais uma vez esta bela zona não ia durar muito tempo. Seguindo as marcações, o grupo “levou” com uma subida até ao Montenegro. A meio da subida acontece o insólito. O amigo David fura o pneu da frente, numa estrada de asfalto super liso.
A partir do Montenegro o percurso da ECOVIA deixa a linha do litoral, para rodar por pinhais em largos estradões, com enormes rectas e um pozinho branco bem fininho, mesmo bom para secar correntes.
Passamos bem pelo meio de alguns dos mais famosos “resort’s” turísticos do Algarve, sempre com algum trânsito à mistura.
Ainda dentro dos ditos pinhais a sinalização desaparece e a nossa salvação foi o amigo GPS, que nos indicava para uma direcção bem estranha. Pois, parecia mesmo que indicava para uma zona privada. Só que esta tinha uma passagem surpresa, uma pequena e curta descida com degraus. Daqui, o caminho volta à terra passando ao lado de um espectacular lago cheio pássaros de todo tipo. O aroma do mar volta outra vez a ser mais forte, sendo presença constante até Quarteira.
Em Quarteira tivemos uma vez mais de ter o privilégio de um soberbo jantar e um Pavilhão para dormirmos, desta vez numa cortesia da Câmara Municipal de Loulé.


25.10.09

5 DIAS PELA ECOVIA - parte III

Esta etapa foi marcada pelo início bem estranho. Pois bem, tendo em conta que estávamos a fazer um longa viagem de “bike”, supostamente os trilhos seriam sempre novos. Aí é que está, todos já conheciam este início de etapa, como se fosse a própria palma da mão. Aliás, aconteceu muitas vezes eu referir que um dia destes iríamos fazer a ECOVIA e contar como passaríamos por estes pisos. E agora, estávamos mesmo a fazer a “viagem”.
A este ambiente o grupo respondia com um andamento calmo e com pouca conversa.
Entretanto os quilómetros passavam. Vilamoura, as praias da Falésia e dos Tomates, até a Aldeia das Açoteias já tinham ficado para trás.
Ao chegarmos aos Olhos d’Água todos acordaram deste profundo “sono” com buzinadelas e motores de carros. Estávamos de volta às ruas e estradas cheias de trânsito. E assim continuamos até chegarmos à cidade de Albufeira, onde nos esperava a incansável Dª Guida com umas belas maçãs e água bem fresquinha.
A paragem foi bem curta, é que o “astro rei” prometia um dia bem quentinho.
O ritmo começava outra vez em “crescendo”, proporcionado pelo bom piso das estreitas estradinhas municipais.
A dada altura, o grupo enfrentou uma inesperada rampa bem inclinada.
Esta dificuldade teve um efeito inesperado, surgiu uma motivação, que mais parecia “doping”. As pernas assemelhavam-se a pistões, que empurravam os pedais sem misericórdia. Nesta feroz velocidade chegamos ao parque de estacionamento da dita praia.
Voltando ao trilho, atravessamos uma das mais belas zonas da ECOVIA. É que nesta parte ECOVIA é todA sobre madeira, com dunas pela esquerda e um enorme lago à direita. Neste, foi possível apreciar, entre muitos, um grande bando de Flamingos.


A zona de Armação de Pêra e arredores trouxe mais uma vez a confusão sazonal das férias. Este facto aliado ao muito calor estava a “quebrar” o meu “batalhão”.
Ao fim de alguns quilómetros nos tais estradões “esbranquiçados” surgiu o casario da Vila de Lagoa. Ainda tivemos alguns “calafrios” devido à famosa E.N. 125 que atravessa Lagoa bem pelo meio.
Com a última subida do dia veio também o nosso “hotel”, o Pavilhão Municipal de Lagoa. A possibilidade de pernoita neste espaço, bem como de um delicioso jantar foi uma simpática “oferenda” da autarquia.

5 DIAS PELA ECOVIA - parte IV

Com o amanhecer deste dia chegou a 4ª etapa, que nos levou de Lagoa a Lagos. Apesar do lento acordar dos “soldados”, rapidamente saltavam para cima das “bikes” prontos atacar mais umas dezenas de quilómetros. As primeiras pedaladas seguiram a nossa bem conhecida linha azul, que nos levou a conhecer algumas ruas de Lagoa.
O atravessamento da E. N. 125 foi bem mais segura e divertida, com a passagem numa ponte pedonal, subindo suavemente e descendo com pequenas lombas.

A partir daqui a linha azul desaparece, marcando a saída da zona urbana, passando o percurso a estar marcado com o símbolo da ECOVIA no pavimento. Com um muito bom andamento todo o grupo rapidamente chega a Ferragudo. A seguir entramos na estrada que dá acesso à antiga ponte de Portimão.
Curiosamente a nossa passagem deu-se mesmo nas vésperas de inauguração da ponte, onde um enorme batalhão de trabalhadores tentavam acabá-la. A passagem por Portimão foi bastante animada e barulhenta.

Sempre com um bom ritmo chegou-se a Alvor, com a primeira paragem para abastecimento. Com os líquidos e os sólidos repostos voltamos a partir.
A secção seguinte levou-nos a um trilho alternativo à ECOVIA, por esta ainda não estar concluída sobre a Ria de Alvor. Assim, tivemos a oportunidade de passar por trilhos só conhecidos pelos locais. No fundo foi um regresso ao BTT mais puro, cheio de “single tracks”, subidas curtas, pedras e um fabuloso trilho ao lado da ria. Um espanto.

Com o fim da ria chega a Meia Praia e partir daqui começamos a vislumbrar a silhueta da cidade dos Descobrimentos, Lagos. O trilho segue sempre ao lado da linha de caminho de ferro e também da linha da costa, cumprindo a longa linha curva da Baía de Lagos. Os ritmos continuaram altos motivados pelos aromas marítimos.
A entrada em Lagos deu-se pela Avenida dos Descobrimentos. Seguimos até ao Forte da Bandeira, subindo depois até ao Quartel dos Bombeiros. Aí entramos nas ruas estreitas e de casario mais histórico. No meu deste emaranhado de ruas, que respiram história por todos os lados, fomos encontrar o antigo Liceu Gil Eanes.
Apesar do aspecto, o espaço em que ficamos era bem acolhedor. A visita à cidade ainda contemplou várias surpresas, com por exemplo o novo espaço da Ciência Viva.
Depois foi só procurar um bom sítio para jantar e descansar…