Eu dei as minhas primeiras pedaladas no mundo do BTT no início dos anos 90. Aliás, o primeiro contacto foi ainda antes. Já não me lembro do ano, mas foi num Verão de 1987 ou 1988, ou então antes... Mas, isso não interessa. A verdade é que foi num passeio de jipe pela arribas da Costa Vicentina, ali para os lados da praia do Carvalhal, em que tive o tal 1º contacto. Nós descíamos um caminho bem inclinado, cheio de regos e pedras... E em sentido contrário, ia gajo montado numa "coisa" que eu nunca tinha visto até aí. O que mais me impressionou foi o facto dele conseguir subir aquela parede, com o piso todo lixado. Com um ritmo de pedalada "estranho" e um rolar lento, aquela bela máquina amarela ia subindo. Essa imagem ficou bem guardada no meu álbum de memórias.
A minha primeira máquina foi uma Órbita de ferro e geometria estranha. Foi mesmo o meu início, pois não percebia mesmo nada desta moda nova. Não faltavam nessa altura era bicicletas estranhas que queriam ser uma bela BTT. Mas esse meu "ferro" levou-me a lugares que eu não imaginava existissem. Felizmente, nestas primeiras pedaladas não estava sozinho. É que nos anos 90, tivemos uma pessoa à frente do desporto, da Câmara Municipal de Loulé, simplesmente fantástica, o professor Arménio Fernandes. Foi graças a ele que muitos começaram no BTT. Foram os eventos que ele organizava que me deram a conhecer os caminhos, trilhos e veredas do concelho de Loulé.

Há um ano atrás, mais coisa menos coisa, tive um momento de semi loucura, comprei uma bicicleta que não é para BTT. Como sempre fui fã da terra, não optei pela opção mais comum e banal de uma máquina de estrada, mas sim comprei o meio termo (talvez?) uma bicicleta de Ciclocross.
Com esta menina vim a descobrir novas sensações e uma renovada felicidade. Por outro lado, também descobri o lado negro (felizmente sem consequências físicas) de pedalar na estrada. De facto a estrada é perigosa... Não, não é a estrada, mas sim alguns sujeitos que não conseguem partilhar um pouco do asfalto com quem que seja... E para mim pedalar num ambiente negro, feio e egoísta contraria todo o meu modo de estar na vida com a minha bicicleta. Não pensem que desisti e vendi a bicicleta. Não! Não baixo os braços assim sem mais ou menos.

É com esta ideia em mente, este modo de estar que eu criei a 1ª parte de um percurso que percorre o Algarve desde de Boliqueime até Castro Marim (fronteira com Espanha). Como a ideia é minha e sou o pai, chamei-a de Rota B1. O "B" vem de Barrocal, que é como quem diz todo o coração algarvio. Deste modo, o percurso não chega a ser demasiado agressivo, com longas subidas, como seria se passasse pela Serra do Caldeirão. Mas também, é completamente o oposto da loucura da zona da costa. Estradinhas bem calmas, praticamente sem trânsito, cheias de belas paisagens rurais, aldeias e vilas interessantes e ainda por explorar. Esta primeira parte da Rota B1 tem cerca 100km, e garantidamente está cheia de surpresas, que só estão disponíveis para aqueles que compreendem este modo de estar na Natureza com a bicicleta.
(Para quem quiser saber mais da Rota B1 deixe mensagem)
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