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2.12.14

A Rota B1

Eu dei as minhas primeiras pedaladas no mundo do BTT no início dos anos 90. Aliás, o primeiro contacto foi ainda antes. Já não me lembro do ano, mas foi num Verão de 1987 ou 1988, ou então antes... Mas, isso não interessa. A verdade é que foi num passeio de jipe pela arribas da Costa Vicentina, ali para os lados da praia do Carvalhal, em que tive o tal 1º contacto. Nós descíamos um caminho bem inclinado, cheio de regos e pedras... E em sentido contrário, ia gajo montado numa "coisa" que eu nunca tinha visto até aí. O que mais me impressionou foi o facto dele conseguir subir aquela parede, com o piso todo lixado. Com um ritmo de pedalada "estranho" e um rolar lento, aquela bela máquina amarela ia subindo. Essa imagem ficou bem guardada no meu álbum de memórias.
A minha primeira máquina foi uma Órbita de ferro e geometria estranha. Foi mesmo o meu início, pois não percebia mesmo nada desta moda nova. Não faltavam nessa altura era bicicletas estranhas que queriam ser uma bela BTT. Mas esse meu "ferro" levou-me a lugares que eu não imaginava existissem. Felizmente, nestas primeiras pedaladas não estava sozinho. É que nos anos 90, tivemos uma pessoa à frente do desporto, da Câmara Municipal de Loulé, simplesmente fantástica, o professor Arménio Fernandes. Foi graças a ele que muitos começaram no BTT. Foram os eventos que ele organizava que me deram a conhecer os caminhos, trilhos e veredas do concelho de Loulé. 
Esse contacto puro com a Natureza, a ausência de automóveis e outras confusões sempre me apaixonaram. Para mim é um estado de meditação e comunhão com a grande Mãe, a  Natureza.
Há um ano atrás, mais coisa menos coisa, tive um momento de semi loucura, comprei uma bicicleta que não é para BTT. Como sempre fui fã da terra, não optei pela opção mais comum e banal de uma máquina de estrada, mas sim comprei o meio termo (talvez?) uma bicicleta de Ciclocross.
Com esta menina vim a descobrir novas sensações e uma renovada felicidade. Por outro lado, também descobri o lado negro (felizmente sem consequências físicas) de pedalar na estrada. De facto a estrada é perigosa... Não, não é a estrada, mas sim alguns sujeitos que não conseguem partilhar um pouco do asfalto com quem que seja... E para mim pedalar num ambiente negro, feio e egoísta contraria todo o meu modo de estar na vida com a minha bicicleta. Não pensem que desisti e vendi a bicicleta. Não! Não baixo os braços assim sem mais ou menos.
Eu sempre gostei muito de explorar  novos rumos, novos caminhos ou trilhos. Agora, foi só adaptar a procura ao asfalto. E descobri algo fantástico. Existem imensos quilómetros de estradas, melhor antigos caminhos de terra que foram asfaltados. São estradas estreitas, que passam bem mais perto do verdadeiro Algarve, envoltas em valados (muros de pedra) e casario branco. Sim, é verdade. Nem sempre o piso é o melhor. Ok! Rola-se um pouco mais devagar e aproveita-se para inspirar os aromas da flor dos laranjais, da terra lavrada recentemente. No meu ponto de vista é mesmo um luxo para viajar e contactar a Natureza. Lá está, aquilo que sempre me fez apaixonar no BTT agora numa versão asfaltada. 
É com esta ideia em mente, este modo de estar que eu criei a 1ª parte de um percurso que percorre o Algarve desde de Boliqueime até Castro Marim (fronteira com Espanha). Como a ideia é minha e sou o pai, chamei-a de Rota B1. O "B" vem de Barrocal, que é como quem diz todo o coração algarvio. Deste modo, o percurso não chega a ser demasiado agressivo, com longas subidas, como seria se passasse pela Serra do Caldeirão. Mas também, é completamente o oposto da loucura da zona da costa. Estradinhas bem calmas, praticamente sem trânsito, cheias de belas paisagens rurais, aldeias e vilas interessantes e ainda por explorar. Esta primeira parte da Rota B1 tem cerca 100km, e garantidamente está cheia de surpresas, que só estão disponíveis para aqueles que compreendem este modo de estar na Natureza com a bicicleta.
(Para quem quiser saber mais da Rota B1 deixe mensagem)

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