A associação Almargem organiza frequentemente
passeios / caminhadas pelo Algarve a fora. É uma forma muito interessante de
conhecer zonas muito especiais e bonitas, sem gastar muito dinheiro. Desta vez,
a aposta estava na zona de Silves. Não na antiga capital algarvia com as suas
ruas cheias de história. Mas, sim um pouco mais à frente. Por isso, eu saí da
cidade e continuei pela EN 124, em direção a Monchique. A coitada da estrada já
está num estado que mais parece um caminho velho. Conduzindo com algum cuidado,
para não dar cabo das suspensões ou pneus do meu carro, chego a um local que
fica mesmo ao lado de um rio, o Odelouca. Aí nessa zona, em que a estrada faz
uma sequência de curva e contra curva, dou de caras com o restaurante Mira Rio,
o ponto de encontro para esta atividade.
Apesar de eu já ter anos de participações em
eventos com bicicletas, sejam passeios ou competições, o que faz com que eu já
não “stresse”. Agora, aqui estava eu com o tal nervoso miudinho na barriga. Mas
porquê, o percurso até era curto, somente 8km e o dia nem estava muito quente.
Talvez, fosse por ver o pessoal todo equipado, com botas xpto, mochilas e até
bastões. Com o raio, será mesmo necessário estas “coisas” todas? Para fazer
8km? Bom, tentei relaxar e não preocupar-me com a minha falta de “coisas” e
aproveitar para tirar umas boas fotografias.
A Joana, a simpática guia, pediu para todo o grupo
se juntar e explicar um pouco como iria ser o percurso. A partir daí descemos
por umas escadas e já estávamos ao lado do Odelouca. Este curso de água é
impressionante. Mesmo a zona envolvente é muito bonita. Um local perfeito para
fotografias panorâmicas encaixando o rio e a serra de Monchique.
Apesar do trilho seguir sempre pela esquerda do
Odelouca, a verdade é que seguia bem mais de perto uma levada de água. Não sei
se ainda é utilizada, pois muitas das peças, portas, rodas ou placas estão bem
marcadas pela ferrugem, apesar de a levada ter água. A verdade é que o trilho é
muito bonito, umas vezes atravessa autênticos tuneis de árvores e arbustos.
Outras vezes é bem mais aberto, oferecendo belos postais paisagísticos.
Com cerca de 2/3km feitos surge o rio Arade e na
junção dos dois fica uma pequena ilha. Há muito tempo atrás estes dois eram
importantes vias de comunicação e transporte. Pelo que a nossa guia partilhou,
já os fenícios utilizavam-nos. E nesses tempos esta pequena ilha foi muito
importante para controlar tráfego de então. Mais tarde, foi construída uma
pequena capela, em honra à nossa Senhora do Rosário, sobre as ruínas de
construções dos povos mais antigos. Bem, hoje a ilha do Rosário continua no
meio do entroncamento dos dois rios. Não vi ruínas de nada, nem pequenos muros,
só mesmo uma pequena ilha. O local é muito bonito, e as águas calmas
proporcionam uma excelente zona para canoagem.
De volta à levada, mas agora seguindo o Arade, fui
surpreendido por uma vista da cidade de Silves que não imaginava ver. Um ponto
espetacular, com o casario branco e o seu castelo ao fundo, e o rio a serpentear
calmamente como um espelho.
O percurso deixa por fim o rio e a levada, subindo
por uma ladeira até à Atalaia. Um ponto com alguma altitude em relação ao rio
que proporciona mais umas perfeitas panorâmicas. A partir daí o percurso segue
por um estradão que entra numa zona mais interior, atravessando pequenos montes
de pouca vegetação. Esta foi a zona mais social, aquela em que proporcionou a
todos os participantes um bom momento de conversa e convívio. Deste modo, nem
se deu pelos quilómetros a passar e quando demos por ela já estávamos de novo
no local de partida.
Por Levadas até à Ilha do Rosário |
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